Por Camila Antunes e Maria Tereza Lopes
A inteligência emocional é uma competência essencial para liderar de forma eficaz em momentos difíceis. Você concorda com esta afirmação? Daniel Goleman e Richard Boyatzis, os grandes gurus do tema, afirmam que líderes excepcionais possuem níveis de inteligência emocional 85% superiores aos demais. Eles também destacam que a tomada de decisão eficaz é muito influenciada pela capacidade dos líderes de manterem controle sobre suas emoções frente à incerteza e volatilidade da mudança, presente em cenários de crise.
Líderes emocionalmente preparados e com uma melhor compreensão do comportamento humano tomam melhores decisões, como também, são capazes de reconhecer e influenciar positivamente a emoção das outras pessoas, habilidade que se mostra indispensável para liderar em situações onde exista a percepção de ameaça física e psicológica, como o momento atual.
Para compreendermos a influência do sistema emocional na eficácia da tomada de decisão será importante conhecer a tendência comportamental do ser humano frente à percepção de pressão e ameaça. Quando o cérebro detecta uma ameaça, entra em um estado de sobrevivência chamado de “resposta ao estresse”: um sistema de ações automáticas e instintivas. Há muitos anos, cientistas descobriram que existem dois comportamentos principais que adotamos como resposta à percepção de ameaça: os de luta e fuga. Anos mais tarde, descobriram uma terceira reação: o congelamento.
Esses comportamentos automáticos foram biologicamente concebidos para responder rapidamente quando nos deparamos com uma ameaça em potencial. Sem pensar, reagimos de imediato – fugindo, lutando ou congelando. Mas, na maioria das vezes, esses comportamentos podem ser prejudiciais.
Estudos comprovam que o estado de sobrevivência impacta negativamente as nossas capacidades de percepção, solução de problemas, regulação das emoções, tomada de decisão, colaboração e motivação. Claramente esse não é o estado ideal para atingir a alta performance, não é mesmo? Contraditoriamente, é o que momento atual exige!
Por esses motivos, líderes devem ter altos níveis de inteligência emocional. Eles precisam compreender as reações humanas e ter a capacidade de influenciar positivamente o comportamento das pessoas para gerar maior engajamento e motivação. Afinal, quando estamos engajados, nos tornamos mais dispostos a lidar com situações difíceis, assumir riscos e pensar de forma criativa.
Um mal-entendido comum quando se fala em inteligência emocional é achar que essa competência se reduz a ser simpático, calmo e gentil. Em um artigo da Harvard Business Review, Daniel Goleman e Richard Boyatzis (2017) enfatizam que um líder precisa ter uma série de habilidades sociais e emocionais para atingir a excelência.
O modelo de inteligência emocional proposto por Goleman e Boyatzis é composto por quatro domínios: autoconsciência, autocontrole, empatia e influência.
A autoconsciência é a primeira habilidade da inteligência emocional que os líderes devem buscar desenvolver. Refere-se à capacidade de identificar o que sentimos e porque sentimos. Também envolve o conhecimento dos nossos pontos fortes e pontos de desenvolvimento e um forte senso de valor em relação às nossas próprias capacidades. Sem esse reconhecimento, não é possível desenvolver a próxima habilidade: o autocontrole.
O autocontrole refere-se à capacidade de controlar os nossos estados emocionais. Por exemplo, líderes que possuem autocontrole não deixam que emoções negativas como tristeza, raiva ou insegurança abalem a confiança e o relacionamento com a sua equipe. O autocontrole também envolve competências como: adaptabilidade, orientação para atingir resultados e visão positiva.
Empatia é a capacidade de compreender os sentimentos e perspectivas das outras pessoas e ter um interesse ativo em suas preocupações e necessidades. Essa é uma habilidade muito importante para a construção e manutenção de relacionamentos pessoais e profissionais.
Por fim, a influência refere-se à habilidade de impactar positivamente as outras pessoas. Para tanto, o líder precisa dedicar grande parte de seu tempo se relacionando com as pessoas da sua equipe, buscando engajá-las e inspirá-las a irem além das suas próprias expectativas. O líder também deve atuar como coach e mentor, buscando o constante desenvolvimento da sua equipe. Além disso, em momentos de mudança, é fundamental que o líder atue como facilitador do processo de adaptação das pessoas à nova realidade.
Mas afinal, é possível aprender a ser emocionalmente mais inteligente? A boa notícia é que sim! Entretanto, vale destacar que um líder não precisa ter todas essas competências plenamente desenvolvidas para ter um desempenho excepcional: basta ter um pouco de cada, de forma equilibrada.
Até aqui você já compreendeu quais são as habilidades da inteligência emocional e percebeu as vantagens de aplicá-las, não é mesmo? Mas, se você deseja de fato ser mais emocionalmente inteligente, daremos a você dicas valiosas fornecidas por Goleman e Boyatzis.
Os autores afirmam que o conhecimento das competências citadas acima já é suficiente para dar uma noção de qual competência você precisa desenvolver. Mas essa é apenas a etapa inicial do processo: o próximo passo é solicitar feedbacks. Para Goleman e Boyatzis os feedbacks são os melhores indicadores da eficácia um líder, por isso eles recomentam avaliações 360 graus, que coletam tanto as autoavaliações quanto as opiniões de outras pessoas. Esse olhar externo é extremamente útil para avaliar todas as áreas da inteligência emocional, incluindo autoconsciência. Afinal, de que outra maneira você saberia que não está autoconsciente?
A competência que tiver maior o gap entre a sua autoavaliação e a forma como os outros o veem deve ser o principal ponto a ser trabalhado. Até aqui você se tornou mais consciente das competências que precisa desenvolver. Mas como, de fato, desenvolvê-las? Aqui vai a última dica de Goleman e Boyatzis: o coaching. Sim, para os autores, o coaching é o método mais eficaz para desenvolvermos a nossa inteligência emocional. Afinal, como precisaremos praticar novos comportamentos, o suporte especializado durante os altos e baixos do processo é inestimável.
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